Como Proceder em Caso de Acusação Penal por Erro Médico

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Como Proceder em Caso de Acusação Penal por Erro Médico

Fonte: Freepik.com

Se você é profissional de saúde e recebeu notícia de um processo por erro médico (ou viu a expressão processo por erro medico em uma notificação), o primeiro passo é entender que tempo e técnica são determinantes.

A reação nas primeiras horas influencia todo o processo judicial, do inquérito à sentença, e pode definir se haverá denúncia por responsabilidade penal (como lesão corporal, homicídio culposo ou omissão de socorro), bem como reflexos na responsabilidade civil com pedidos de indenização, danos morais, dano material e até dano estético.

Este guia, voltado a médicos e profissionais de saúde, explica de forma prática como agir, quais provas reunir, como a perícia médica orienta o resultado e como sincronizar defesa penal e cível dentro do direito médico e hospitalar.

Primeiros passos no processo por erro médico: o que fazer

Organize a linha do tempo clínica e documental. Toda defesa parte de uma cronologia objetiva do ato médico e do atendimento prestado.

Reúna o prontuário médico completo (e não apenas resumos): anamnese, exames, decisões registradas com data e hora, evolução, prescrições, consentimento informado, alta, orientações e contatos posteriores.

Inclua curvas e prints de monitores (quando houver), guias de solicitação de exames, registos de enfermagem, protocolos usados pela instituição médica e qualquer evidência que demonstre padrão de segurança nos cuidados de saúde. Em processos penais por erros médicos, o que não está escrito dificilmente será reconhecido como feito.

Preserve evidências do ambiente e da equipe. Guarde escalas da equipe médica, fichas de checagem de equipamentos, registros de disponibilidade de insumos, relatórios de manutenção e listas de treinamento.

Em muitos casos, a perícia técnica comprova que o dano decorreu de fator estrutural do hospital (p. ex., falha de equipamento) e não de conduta médica. Esse tipo de prova ajuda a romper o nexo causal entre erro e resultado e, no mínimo, redistribui a responsabilidade entre os agentes do serviço.

Evite declarações improvisadas. Não publique comentários em redes sociais, não forneça versões apressadas a familiares, imprensa ou a terceiros. Na fase inicial, qualquer frase fora de contexto pode ser usada contra a defesa. Mantenha postura ética, empática e técnica, sempre em consonância com o código de ética médica.

Constitua defesa técnica imediatamente. Acusações que envolvem direito penal e direito médico e hospitalar exigem equipe especializada. Seu advogado de confiança avaliará o processo por erro sob os prismas penal, cível e ético, harmonizando a linguagem técnica com a jurídica, definindo a estratégia de produção de provas e preparando o terreno para a perícia médica e o laudo pericial.

Mapeie risco penal e cível desde o início. Além de possível responsabilidade penal, quase sempre surgem reflexos na responsabilidade civil: ação judicial pedindo indenização por danos morais, danos materiais (como despesas médicas) e, em certos tipos de demandas, por dano estético e compensação por perda de qualidade de vida. Entender essa correlação logo no começo evita contradições entre as narrativas penal e cível.

Cuide do fator humano. Comunicação respeitosa e transparente com o paciente e familiares (sempre observando sigilo e estratégia) reduz a tensão do conflito, favorece acordos quando cabíveis e demonstra aderência ao bem jurídico tutelado: a saúde e a dignidade da vítima.

Como a perícia médica define o rumo do caso e prova a conduta médica adequada

A perícia médica e o laudo pericial são, via de regra, o coração probatório dos processos por erro médico. É na análise técnico-científica que o poder judiciário costuma ancorar o julgamento sobre negligência médica, imperícia ou negligência imprudência ou imperícia (as formas culposas), bem como sobre a existência ou ausência do nexo de causalidade entre a conduta e o dano.

Por que a perícia pesa tanto? Porque o juiz não está no bloco cirúrgico, no pronto-socorro ou no consultório. O perito traduz o raciocínio clínico em linguagem julgável. Ele responde: a decisão estava dentro da prática médica aceitável? Havia alternativas de tratamento médico superiores? O dano era inevitável, previsível ou prevenível? O que a literatura e os protocolos recomendavam naquele caso concreto?

Como preparar a perícia a seu favor. Trabalhe com um assistente técnico que domine o tema (idealmente alguém com pós graduação na área), ajude a formular quesitos objetivos, organize a cronologia clínica e destaque provas que evidenciem padrão de segurança.

É essencial que o perito receba informações completas sobre o contexto: limitações de instituição médica, fluxo da equipe médica, tempos de resposta, decisões compartilhadas. Profissionais de saúde bem assessorados costumam obter laudo pericial mais aderente à realidade do plantão.

Nexo causal: o divisor de águas. Muitas acusações desabam quando o laudo pericial conclui que o dano (ou o óbito) derivou de curso natural da doença, comorbidades graves, recusa de orientações, ou falhas de estrutura alheias ao profissional médico.

Outras vezes, o documento técnico evidencia que, mesmo diante de um erro, a conduta não foi a causa eficiente do resultado, elemento indispensável para condenação por responsabilidade penal. Sem nexo, não há crime.

Se o perito conclui que houve omissão de socorro, atraso injustificado, violação de diretrizes amplamente aceitas, ausência de monitorização, medicação contraindicada, falta de consentimento informado, ou descumprimento de rotinas críticas, a acusação ganha força.

Ainda assim, a defesa pode rebater com literatura atualizada, parecer de profissional referência e demonstração de que, naquele estado clínico, o desfecho seria o mesmo.

Perícia médica x perícia técnica. Em temas como engenharia clínica, TI hospitalar, imagem e dispositivos, a defesa pode requerer perícia técnica complementar (além da médico-pericial) para explicar a participação de equipamentos e sistemas no resultado. Isso é decisivo para diferenciar responsabilidade do indivíduo e falha do serviço.

Estratégia jurídica integrada: defesa penal, responsabilidade civil e planos de saúde

Penal, cível e ética caminham juntas — e exigem coerência. No processo por erro médico, a narrativa precisa conversar entre si em todas as frentes: direito penal, responsabilidade civil e código de ética médica. Contradições enfraquecem a credibilidade.

Trabalhe com uma equipe que domine direito médico e hospitalar e que saiba alinhar as teses: na esfera criminal, o foco recai sobre culpa e nexo; na cível, sobre indenização (inclusive dano moral, dano material e dano estético) e compensação por despesas médicas e eventual aumento de custos futuros; na ética, sobre padrões de conduta.

Planos de saúde e hospitais no polo passivo. Em muitos processos, planos de saúde e hospitais integram a ação judicial por falhas estruturais, negativa de cobertura, demora em autorizações, carência de insumos e problemas sistêmicos que afetam o atendimento.

Essa configuração influencia a discussão de responsabilidade civil (às vezes, objetiva) e pode reduzir a imputação direta ao profissional médico. Documente solicitações, negativas, tempos de resposta e impacto clínico.

Quando negociar faz sentido. Em hipóteses de danos materiais claros e dano moral provável, avaliar acordos com o paciente pode representar ganho estratégico, sobretudo quando a perícia médica antecipa risco de condenação cível. O acordo não implica culpa penal, mas precisa ser bem conduzido para não contaminar a defesa criminal.

Arquivamento, absolvição e teses técnicas. No penal, teses clássicas incluem ausência de nexo causal, fato atípico (conduta dentro do padrão técnico), exercício regular da profissão, inexigibilidade de conduta diversa, erro escusável e bem jurídico protegido pelo agir médico (p. ex., risco inerente à intervenção).

Em processo judicial adequado, com provas bem montadas, não é incomum o arquivamento do inquérito ou a absolvição por insuficiência de provas.

Do inquérito à sentença: ritmo e prazos. Acompanhe de perto a tramitação. Prazos perdidos criam dificuldades. Quesite a perícia médica, requeira complementações, conteste incongruências e proponha ações processuais apropriadas (impugnações, memoriais, recurso quando cabível). A defesa que reage no tempo certo costuma conduzir o debate.

Comunicação segura com paciente e autoridades: prevenindo dano moral e reforçando a defesa

Postura ética e informativa. O código de ética médica exige respeito, empatia e informação clara. A comunicação adequada com o paciente e familiares reduz animosidade e ações por dano moral, sem jamais admitir culpa fora de uma avaliação técnica. Explique, documente e evite promessas. Registre orientações, chamadas telefônicas e retornos ambulatoriais.

Comunique sem comprometer a estratégia. Atenda requisições formais de órgãos públicos com auxílio do advogado. Forneça apenas o que é devido, preservando sigilo e direitos de terceiros. Dialogue com a instituição médica para que respostas administrativas, assistenciais e jurídicas tenham a mesma vista dos fatos.

Treine a equipe, proteja a prova. A equipe médica precisa estar alinhada a protocolos de comunicação (SBAR, handoff, time-out). Isso reduz erros de transmissão, demonstra cultura de segurança e fortalece a narrativa defensiva. Em audit trail, preserve logs, câmeras autorizadas pela política interna (quando existentes), relatórios de incidentes e sistemas de notificação de evento adverso.

Cuidado com redes sociais e imprensa. Pronunciamentos públicos podem acirrar o conflito e gerar processos adicionais por violação de imagem. Centralize a comunicação no jurídico, evitando “debates” digitais que só aumentam a exposição.

Documente o que foi feito — e o porquê. Registrar conduta médica e justificativas técnicas é, ao mesmo tempo, boa prática médica e defesa antecipada. Explique, no prontuário, por que escolheu aquela conduta, quais alternativas considerou e como reagiu à evolução clínica. Para o julgador, explicações técnicas bem fundamentadas têm alto valor persuasivo.

Perguntas frequentes na acusação (e como preparar respostas técnicas)

  • Houve negligência médica? Mostre protocolo seguido, tempos de resposta e literatura de apoio.
  • A conduta foi a causa do dano? Reconstrua a cronologia e destaque fatores independentes (comorbidades, recusa, limitações do sistema).
  • Existem danos? Diferencie danos materiais, despesas médicas, dano estético e dano moral; controverta valores e extensão.
  • O ato estava dentro do padrão? Traga diretrizes atualizadas, parecer da especialidade, laudo pericial favorável e descrição das práticas do serviço.
  • Houve omissão de socorro? Prove presença, ação efetiva e impossibilidade real de resultado melhor, quando for o caso.

Defesa técnica imediata e coerência nos processos por erros médicos

Enfrentar um processo por erro médico assusta, mas é a resposta técnica que muda o jogo.

Profissionais de saúde que reúnem provas cedo, registram com precisão, atuam alinhados ao código de ética médica e coordenam penal, cível e ética com coerência aumentam muito as chances de arquivamento, absolvição ou redução de impacto financeiro (quando houver responsabilidade civil).

Lembre-se de que perícia médica e perícia técnica costumam ser determinantes: trabalhe com profissional especializado para construir quesitos e demonstrar que sua conduta respeitou a ciência e o contexto do caso.

Se você é profissional médico investigado por erros médicos em processo por erro médico (ou se recebeu uma citação com a expressão processo por erro medico), busque apoio jurídico especializado em direito médico e hospitalar e direito penal.

Uma equipe experiente harmoniza estratégia, prova e comunicação, defende o seu bem jurídico reputação e orienta cada passo da ação judicial. A Garrastazu está pronta para auxiliar. Fale conosco agora!

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