Endoscopia com Complicação? Como o Médico Deve Proceder

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Endoscopia com Complicação? Como o Médico Deve Proceder

Fonte: Freepik.com

A endoscopia digestiva, especialmente a endoscopia digestiva alta, é um dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos mais importantes da medicina moderna.

Utilizada para investigar desde úlceras até suspeitas de câncer, passando por sangramentos, infecções e doenças do trato gastrointestinal, esse exame é considerado seguro e amplamente executado em hospitais, clínicas e centros especializados em todo o país.

Apesar disso, nenhuma intervenção em saúde está livre de riscos. Mesmo quando realizada em condições ideais, com equipamentos adequados e dentro dos mais rígidos protocolos médicos, complicações podem ocorrer.

É exatamente nesse ponto que muitos profissionais de saúde ficam vulneráveis. O medo de um erro endoscopia, de uma acusação de erro médico, de uma discussão jurídica ou mesmo de um processo que coloque em dúvida sua conduta, sua reputação profissional e sua carreira é comum entre endoscopistas, gastroenterologistas e outros especialistas que atuam na área.

Quando uma complicação em endoscopia digestiva pode ser considerada erro médico e gerar responsabilidade penal?

A primeira questão essencial é entender que complicação não é sinônimo de erro médico.

Isso vale especialmente para procedimentos como a endoscopia digestiva, que envolvem a introdução de um aparelho no interior do trato gastrointestinal, passando por regiões naturalmente sensíveis, como esôfago, estômago e duodeno. Ainda que o procedimento seja seguro, existe risco intrínseco de eventos adversos.

No contexto médico, complicações podem ocorrer mesmo com técnica correta, equipe preparada e estrutura adequada. Perfurações, sangramentos, reações medicamentosas à sedação e broncoaspiração são eventos conhecidos, descritos amplamente na literatura científica e previstos nas diretrizes da prática médica.

A dúvida surge quando o evento é interpretado como consequência de um suposto erro, e não de uma complicação previsível.

Alguns pacientes, influenciados pelo impacto emocional, pelo medo, pela falta de informação ou por expectativas irreais, acreditam que qualquer resultado indesejado indica falha do médico. Outras vezes, há influência de familiares, advogados ou terceiros que desconhecem que a medicina não oferece resultados absolutos e que a natureza do procedimento envolve riscos.

Para fins de Direito Penal, o ponto central é determinar se o médico agiu com diligência, prudência e técnica. Para que haja responsabilidade penal, é necessário provar que o profissional violou padrões mínimos de cuidado, ignorou protocolos, agiu com negligência, imprudência ou imperícia. Se não houver demonstração clara de conduta inadequada, não há crime.

Quais são as complicações mais comuns da endoscopia digestiva?

Uma das perguntas mais frequentes feitas por pacientes e até por operadores do Direito é: Quais são as complicações de uma endoscopia digestiva?

Entre as mais relevantes, destacam-se:

  • Perfuração: evento raro, mas potencialmente grave, especialmente em áreas com inflamação, divertículos ou tumores.
  • Sangramento significativo: comum em procedimentos terapêuticos, como polipectomia.
  • Broncoaspiração: associada a conteúdo gástrico, principalmente quando há falha no jejum.
  • Reações à sedação: queda de saturação, pressão, arritmias.
  • Infecções: quando há falha na limpeza ou gestão de resíduos.
  • Dor intensa: geralmente transitória, mas pode levantar suspeitas de complicações.

A presença de qualquer uma dessas situações não implica automaticamente erro endoscopia, especialmente quando o profissional agiu conforme as melhores evidências científicas, garantindo segurança, monitorização e resposta rápida aos eventos.

Como o médico deve agir diante de uma complicação? Medidas clínicas, éticas e jurídicas

O manejo adequado de uma complicação começa pelo reconhecimento precoce do problema e pela adoção de medidas clínicas imediatas para garantir a saúde e a estabilidade do paciente.

Na prática, há uma sequência lógica de condutas que fortalecem tanto a segurança clínica quanto a proteção jurídica do profissional médico.

Foque na estabilização do paciente

Independentemente da natureza da complicação, a prioridade é sempre a vida e a integridade do paciente. Isso inclui:

  • realizar exames complementares (radiografia, tomografia);
  • acionar a equipe médica multidisciplinar;
  • avaliar necessidade de internação ou cirurgia;
  • garantir analgesia e suporte necessário.

A resposta clínica imediata é uma das maiores provas de ausência de negligência.

Registre tudo no prontuário

O prontuário é a principal defesa do médico em acusações de erros médicos. Ele deve conter:

  • horário do início e fim do procedimento;
  • drogas utilizadas na sedação;
  • achados endoscópicos;
  • imagens obtidas;
  • conduta tomada diante do evento;
  • encaminhamentos realizados;
  • evolução clínica.

A ausência de registro é interpretada juridicamente como ausência de conduta, aumentando o risco de responsabilização.

Comunique o paciente e familiares com clareza

O diálogo honesto evita ruídos e má interpretação de fatos clínicos. A comunicação deve ser:

  • ética;
  • técnica, porém acessível;
  • amparada pelo Código de Ética Médica;
  • registrada por escrito ou por e-mail, quando relevante.

A relação médico paciente é decisiva para prevenir litígios.

Acione protocolos médicos e estrutura institucional

Um procedimento de alto risco exige que o hospital ou clínica tenha:

  • suporte de emergência;
  • materiais adequados;
  • equipamentos calibrados;
  • equipe treinada.

Falhas estruturais não podem recair exclusivamente sobre o endoscopista.

Evite improvisos ou condutas não padronizadas

Ao agir fora da literatura, o médico se expõe. O princípio maior da defesa é seguir a ciência.

Jamais abandone o paciente: risco de omissão de socorro

O Direito Penal pune essa conduta, especialmente quando o médico é o único capaz de prestar assistência.

Após estabilizar o caso, procure orientação jurídica especializada

O erro mais comum dos médicos é tentar se defender sozinhos. Isso aumenta a exposição ao risco.

Defesa jurídica especializada e a linha fina entre complicação e crime

Quando ocorre complicação e o paciente questiona o resultado, muitas vezes abre-se um processo. Pode começar na esfera civil, ética ou criminal.

Nos casos envolvendo a responsabilidade penal, o médico precisa entender que o sistema jurídico funciona de forma diferente da prática clínica.

A visão do direito penal sobre o erro médico

No Direito Penal, o que importa não é o resultado ruim, mas a conduta. O juiz avaliará:

  • o que o médico fez;
  • o que podia ter feito;
  • o que deixou de fazer;
  • se havia alternativas;
  • se foram seguidos os protocolos;
  • se havia fatores externos;
  • se a clínica tinha estrutura adequada;
  • se o prontuário está completo.

A defesa deve explicar tecnicamente ao juiz de direito que a medicina tem limitações e que há situações em que nenhuma intervenção teria evitado o desfecho.

Necessidade de assistente técnico em erros médicos

O assistente técnico é fundamental porque traduz a linguagem médica para o mundo jurídico. Ele explica:

  • fisiologia;
  • riscos;
  • procedimentos;
  • alternativas;
  • impacto das doenças;
  • diferenças entre complicação e erro.

Muitos casos de responsabilidade penal são revertidos graças a pareceres técnicos bem fundamentados.

A defesa do endoscopista começa antes da complicação

Um especialista em endoscopia precisa entender que sua melhor defesa é sempre a prevenção, e isso inclui:

  • seguir rigorosamente os protocolos médicos;
  • registrar tudo com precisão;
  • agir imediatamente em complicações;
  • manter comunicação clara;
  • estar preparado juridicamente;
  • conhecer seus direitos e deveres;
  • buscar auxílio jurídico especializado em Direito Médico.

A medicina envolve riscos. A endoscopia envolve riscos. E o direito reconhece isso. O que protege o médico é sua diligência, sua prudência e sua documentação clara.

Se você é médico e enfrenta questionamentos, denúncias, investigações ou responsabilidade penal relacionada a erro endoscopia, saiba que há formas eficazes de defesa.

A equipe da Garrastazu Advogados está pronta para orientar e proteger você em qualquer fase do processo.

Perguntas mais frequentes sobre erros médicos atribuídos a endoscopistas:

Complicação em endoscopia sempre significa erro médico?

Não. A endoscopia digestiva tem riscos inerentes, mesmo quando realizada com técnica perfeita. Perfurações, sangramentos, broncoaspiração e reações medicamentosas podem ocorrer sem que haja qualquer erro endoscopia. Só há erro médico quando fica comprovado desvio de técnica, negligência ou descumprimento de protocolos.

Quais são as complicações mais comuns da endoscopia digestiva?

As mais comuns incluem perfuração, sangramento, queda de saturação, reações à sedação, dor abdominal intensa e infecções. Todas são descritas na literatura e não caracterizam erro por si só.

Quando uma complicação pode gerar responsabilidade penal?

Somente quando houver evidência de que o profissional médico agiu com negligência, imprudência ou imperícia, violando regras do código de ética médica e normas da especialidade. Nesse caso, pode haver responsabilidade penal, especialmente se a complicação gerar lesão corporal grave ou morte.

O que caracteriza negligência em endoscopia?

Negligência ocorre quando o profissional deixa de realizar condutas essenciais, como não monitorar o paciente, ignorar sinais de risco, não registrar achados relevantes ou falhar na resposta a emergências.

Como o médico deve agir imediatamente após uma complicação?

O passo essencial é focar no tratamento médico e estabilizar o paciente. Depois disso, o médico deve documentar minuciosamente tudo, comunicar familiares com clareza, registrar condutas no prontuário e acionar equipes de apoio quando necessário.

O prontuário realmente ajuda na defesa do médico?

Sim, e é a principal prova em caso de investigação. Um prontuário detalhado e claro é decisivo para demonstrar que o médico agiu corretamente. Já um prontuário incompleto ou mal preenchido pode gerar dúvidas sobre a conduta.

O que fazer se o paciente acusa o médico de erro?

É essencial manter postura técnica, evitar discussões, registrar o ocorrido e procurar assessoria jurídica imediatamente. Não é recomendável responder mensagens impulsivas ou assumir culpa sem análise técnica.

A clínica ou hospital também podem ser responsabilizados?

Sim. Falhas estruturais, equipamentos inadequados, ausência de suporte para emergência ou problemas de limpeza e esterilização podem transferir parte da responsabilidade para a instituição de saúde.

Existe diferença entre responsabilidade civil e responsabilidade penal na endoscopia?

Sim. A responsabilidade civil está ligada a indenização por danos. Já a responsabilidade penal envolve crimes como lesão corporal culposa, omissão de socorro ou homicídio culposo.
O médico pode responder a uma ou ambas, dependendo do caso.

Todas as complicações precisam ser comunicadas ao paciente?

Sim. A boa prática exige transparência. O médico deve explicar o ocorrido, as possíveis causas, o plano de cuidado e o que será feito para monitorar a evolução. Comunicação clara reduz riscos jurídicos.

Uma complicação pode gerar indenização ao paciente?

Pode, mas apenas quando comprovado que houve erro, falha, desvio de conduta ou omissão. Complicações esperadas e devidamente manejadas não obrigam à indenização.

A perícia pode ajudar a demonstrar que não houve erro médico?

Sim. A perícia é fundamental em processos judiciais e geralmente confirma se o evento foi resultado de risco inerente ou de falha médica. O médico também pode indicar um assistente técnico para auxiliar na análise.

Falhas de equipamentos podem ser atribuídas ao endoscopista?

Depende. Se o equipamento estava sob responsabilidade da instituição, geralmente a culpa recai sobre o hospital ou clínica. Porém, registrar o problema no prontuário ajuda a afastar qualquer responsabilidade pessoal do médico.

Como evitar acusações injustas?

Com documentação clara, respeito aos protocolos, comunicação precisa, registro da relação médico paciente, interlocução ética e preparo técnico constante. A prevenção é o maior escudo jurídico.

Quando procurar um advogado especializado?

O ideal é buscar auxílio jurídico imediatamente ao identificar qualquer complicação mais grave, antes que o paciente formalize denúncia. Uma orientação precoce impede erros na comunicação e fortalece toda a defesa.

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